Ciúmes e obsessão: comerciante persegue homem por 400 km e tenta matá-lo em Uberaba

Policial / 911

Suspeito viajou de Minas Gerais até Caldas Novas para flagrar suposto rival e foi preso com roupas ensanguentadas e arma escondida em pneu

Um caso que mescla obsessão, ciúmes e violência chocou moradores de Uberaba, no Triângulo Mineiro, nesta semana. Edson, conhecido como "Zé do Morango", foi preso na terça-feira (9/12) pela Polícia Militar de Minas Gerais, acusado de tentar matar um homem que ele acreditava ser o atual namorado de sua ex-companheira. O crime ocorreu na noite de segunda-feira (8/12), após o suspeito perseguir a vítima por centenas de quilômetros, chegando até a cidade de Caldas Novas, em Goiás.

A história começou a se desenrolar durante o último fim de semana, quando a vítima viajou para Caldas Novas com sua namorada – que, vale ressaltar, não é a ex-companheira de Edson. Durante a viagem, o casal foi assediado por inúmeras ligações do comerciante, que insistia em saber se o homem mantinha um relacionamento com outra mulher. A vítima negou categoricamente qualquer envolvimento.

Segundo informações do boletim de ocorrência, a atual namorada da vítima relatou à polícia que Edson demonstrava grande descontrole emocional durante as ligações. Dias antes da tentativa de homicídio, o suspeito já havia aparecido na residência do homem para confrontá-lo sobre o suposto relacionamento, mas foi dispensado.

Perseguição obsessiva

As investigações revelaram detalhes perturbadores sobre o comportamento de Edson. Movido pela suspeita infundada, ele decidiu seguir o casal até Caldas Novas, distante cerca de 400 quilômetros de Uberaba. No destino, chegou a alugar um quarto estrategicamente localizado ao lado do hotel onde acreditava que o casal estaria hospedado. A tentativa de flagrante, no entanto, foi frustrada – o casal já havia deixado o local.

Após não encontrar a vítima em Goiás, uma testemunha confirmou que Edson pediu carona de volta para Uberaba, chegando em casa por volta das 22h de segunda-feira. Mas a noite estava longe de terminar. Pouco depois, o comerciante solicitou a um amigo outra carona, desta vez até um bar no Bairro Anate. Pediu que o conhecido permanecesse estacionado no local aguardando seu retorno.

Minutos depois, conforme relato da testemunha, Edson voltou visivelmente agitado, portando uma arma de fogo nas mãos. Jogou o revolver no assoalho do veículo e ordenou que retornassem imediatamente. Ao chegar em casa, ainda solicitou ao amigo que guardasse a arma utilizada no atentado.

Provas e prisão

A Polícia Militar localizou Edson em seu estabelecimento comercial na terça-feira. Inicialmente, o suspeito negou participação no crime, mas admitiu desconfiar do envolvimento da vítima com sua ex-mulher e confirmou ter ido até Caldas Novas. Ao autorizar a entrada dos militares em sua residência, a situação se complicou.

No imóvel, os policiais encontraram uma calça jeans e coturnos com manchas de sangue. A calça estava de molho no tanque, em aparente tentativa de destruir evidências. Imagens de câmeras de segurança mostraram que Edson havia sido deixado em casa por um Chevrolet Montana branco, conduzido pelo amigo que lhe dera carona.

Ao ser localizado e ouvido pela polícia, o motorista confirmou ter recebido ligação de Edson pedindo a carona até o bar. Mais grave: revelou que o comerciante lhe entregou roupas supostamente usadas no crime e pediu que escondesse o revólver. A arma foi encontrada pela PM dentro de um pneu, escondida em uma oficina pertencente ao tio do amigo.

Durante a abordagem, Edson deixou cair um toco de cigarro, imediatamente recolhido pelos policiais para possível análise de DNA. Todo o material apreendido – incluindo a arma, as roupas ensanguentadas e as imagens das câmeras de segurança – foi encaminhado para perícia e análise pela Polícia Civil.

Investigação em andamento

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Uberaba. Edson permanece preso, e as autoridades trabalham para esclarecer todos os detalhes da tentativa de homicídio. A vítima sobreviveu ao atentado, mas o estado de saúde não foi divulgado pelas autoridades.

O episódio serve como alerta sobre os perigos da obsessão e do comportamento possessivo em relacionamentos. Especialistas em segurança pública reforçam a importância de denunciar qualquer tipo de perseguição ou ameaça às autoridades antes que situações extremas como esta ocorram.

Fonte: Correio Braziliense|PMMG  
Foto: PMMG/Reprodução